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ARTIGOS

Nesta página, você encontra artigos sobre poker feitos por jogadores lucrativos e experientes. Neles estão tudo o que você precisa saber para ser um jogador de sucesso. Boa leitura!

Antes de mais nada quero deixar bem claro que a autoria desta analogia não é minha, mas sim de Arnold Snyder, autor de diversos livros de Blackjak e pôquer, entre eles o The Poker Tournament Formula, onde a tal comparação é apresentada. Bom, mas então vamos ao que interessa...

Todos devem conhecer o jogo pedra, papel e tesoura, mas para quem não sabe é o seguinte: este é o jogo de RPG mais elementar que existe, basta escolher uma arma e desafiar o adversário, a melhor arma no duelo vence. A hierarquia é da seguinte forma: a pedra quebra (vence) a tesoura; a tesoura corta (vence) o papel; e por sua vez o papel embrulha (vence) a pedra. Simples, não é? Sabido isso o jogo é jogado como um par ou impar, mas ao invés de números utilizam-se os símbolos com as mãos, onde a pedra é o punho cerrado, o papel é a mão aberta e a tesoura é o vê de vitória do Senna (apenas o indicador e o dedo médio levantados).

Bom, agora você deve estar se perguntando, mas e o que isso tem a ver com o pôquer? Acontece que em torneios de múltiplas mesas (MTT), especialmente nos torneios considerados rápidos (onde os blinds crescem rapidamente e chega-se á mesa final com a maioria dos jogadores short stack) você tem um arsenal composto por três armamentos: suas cartas, sua posição e sua pilha de fichas. E assim como no joguinho elementar, no pôquer, que de elementar não tem nada, também existe uma hierarquia entre as armas.

A primeira impressão pode ser de que as cartas ganham sempre, mas não é bem assim. Boas cartas podem ganhar, mas elas são raridades. Quantas vezes em um torneio você flopa o nuts? Se você se convenceu disso será mais fácil concordar com a analogia. Então no pôquer as fichas representam a pedra; a tesoura é sua posição na mesa e as cartas são o papel. Isto mesmo as cartas vencem as fichas, as fichas vencem a posição e a posição vence as cartas!!!

Fácil? Nem tanto, mas vou tentar explicar. De qualquer forma sugiro que leiam o livro de Snyder para uma explicação mais detalhada e uma compreensão mais ampla.

A parte mais simples de aceitar é: As cartas vencem as fichas (o papel embrulha a pedra). Isso nada mais significa que com boas cartas você não precisa temer o chip leader de sua mesa, bem pelo contrário você quer definitivamente ele, pois poderá dobrar seu stack! Simples e óbvio.

Um pouco mais sutil é: Fichas vencem posição (a pedra quebra a tesoura). Você se sente confortável ao pagar um aumento ou mesmo re-aumentar o chip leader da mesa simplesmente por saber que falará depois dele após o flop? Eu não, a não ser que eu tenha cartas!! O que Snyder quer dizer é que as fichas impõem respeito e você pode jogar mais solto com uma considerável pilha de fichas em sua frente, se beneficiando da pressão que você poderá exercer sobre seus adversários com o poder das fichas. Da mesma forma que você deverá respeitar um adversário bem munido quanto você está mais apertado ou mesmo em uma situação intermediária no que diz respeito ao volume do seu stack.

Agora o ponto delicado e mais sensacional: Posição vence cartas (a tesoura corta o papel)!!! Essa é realmente difícil de engolir, mas vamos lá. Como eu já disse, quando falo em cartas não me refiro a grandes jogos, pois estes são exceção. Refiro-me as cartas distribuídas de forma aleatória, onde sabemos que na maioria das vezes temos jogos razoáveis. Dito isto, a questão é a seguinte: aprenda a jogar sua posição para acumular fichas de forma contínua em um torneio rápido. As cartas boas vem de vez em quando de forma aleatória, um stack consistente (para poder jogar as fichas) depende de seu sucesso durante o torneio, mas a posição se alterna de forma ordenada entre todos os participantes do torneio e cabe a você utilizá - la de forma adequada e tirar proveito dela a cada oportunidade.

A sugestão do Snyder para praticar o jogo de posição é jogar sem olhar suas cartas de acordo com o seguinte esqueminha:

De qualquer umas das posições finais (Button, Cut off ou hijak seat) dê um raise padrão (3 à 4 vezes o valor do big blind) sempre que ninguém tiver entrado no jogo antes de você. Se for pago por um dos blinds e o adversário der check no flop aposte metade do pote. Se essa situação se repetir no turn faça o mesmo (enquanto o adversário apenas pagar e der check aposte você metade do pote). Vá até o river!!! Caso ele aposte antes de você ou dê reraise não exite em correr.

Se estiver no Button e um advesrário tiver feito um aumento padrão pague e siga a mesma estratégia para o flop, turn e river citados no parágrafo anterior. A mesma coisa se um ou mais adversários tiver entrado de limp, pague e aposte nas rodadas seguintes se eles demonstrarem fraqueza.

Parece loucura? Na verdade o que você está fazendo é jogar as cartas do adversário. E como na maioria das vezes as cartas não são realmente fortes você ganhará!! É claro que você poderá ser pego de vez em quando, quando encontrar um calling station por exemplo, que vai pagar até o fim sem apostar uma vez sequer, mas aí vai a sua leitura também. Nem tudo é tão simples, mas de qualquer forma vale o teste. Garanto que você vai se surpreender assim como eu me surpreendi com o resultado.

Para concluir gostaria de reforçar que este tipo de estratégia tem valor em torneios rápidos. De acordo com Snyder estes são torneios onde o jogador mais tight do mundo (aquele que só joga com par de azes naipados!!!) será engolido pelos blinds em no máximo duas horas e meia (em torneios live). No livro o autor explica muito bem como adaptar a estratégia de jogo ao ritmo do torneio e para isso é preciso levar em conta a quantia inicial de fichas, a estrutura dos blinds e o intervalo de cada nível. É uma abordagem bem interessante e diferenciada da maioria dos livros que já vi. Vale a pena!!!

Bom, então agora afiem suas tesouras e aproveitem esta poderosa arma! E depois comentem suas experiências comigo pelo e-mail serguem@gmail.com. Para quem quiser eu tenho também uma planilha resumo da relação entre cartas, posição e stack na estratégia básica defendida por Snyder e posso passar por e-mail.
 

Grande abraço, Serguem Trott.

Pedra, papel e tesoura: a hierarquia do seu arsenal em um MTTvezes para editar

Pensando Ativamente

É muito importante pensar. Parece uma afirmação meio óbvia, mas se você reparar algumas pessoas, políticos em especial, notará a absurda quantidade de pessoas que não pensam. Chega a ser ridícula de tão óbvia a importância de pensar enquanto joga poker. Eu já escrevi algumas vezes sobre jogar no piloto automático, quando você não necessariamente está jogando de forma horrível, mas toma decisões sem pensar. Todo jogador cai nesse erro às vezes, mas quando deveríamos supostamente estar jogando nosso “poker nota A”, a coisa é diferente.

 

Quanto mais atento o oponente for, mais importante se torna pensar no jogo

 

A diferença entre um jogador competente e um top é a habilidade de se ajustar constantemente de acordo com cada oponente e situação. Há muito fatores dentro disto, mas tudo começa com pensar ativamente sobre a mão em que você está envolvido.

 

Eu joguei uma mão neste verão, em Vegas, que ilustra bem essa idéia – E dessa vez não era eu no piloto automático. Eu estava no cash game de mid-stakes e ele é jogado de forma parecida aos low-stakes online: Muitos ranges previsíveis e jogo pós flop fraco. Um jovem maníaco sentou à mesa e mudou tudo.

 

Rapidamente ele levou alguns potes e mudou sua frequência de jogo de dois terços para quase todas as mãos. De inicio eu não estava seguro sobre o quão bom ele era, mas depois de alguns showdowns ficou claro pra mim que ele não estava pensando muito e apenas atirando a torto e a direito. O problema era que eu estava sentado dois assentos à direita dele, então era muito difícil para eu fazer algo sem uma boa mão. Então, o jogo teve uma pausa e o jogador imediatamente saiu da mesa. Com ele praticamente ainda sentado, eu disse “Dealer, eu vou ficar naquele assento”.

 

Parece bobeira mudar de assentos para ter melhor posição sobre alguém, mas desde que não haja uma dança das cadeiras eu acho que é justo mudar de lugar. Faz parte da tática do jogo ao vivo. Enquanto eu sentava, ele disse “Hmm, mudando de lugar para tentar me pegar não é?”, eu respondi “Nah! Só não to conseguindo nenhuma carta ali”. Espero que meu sotaque e meus shorts de turista tenham convencido ele.

 

Eu não tive de esperar muito para tirar algumas fichas dele. Ele abriu no cut off e eu recebi As 8s. Three bet era uma opção, já que eu estava à frente do range dele, mas estávamos relativamente deeps, e eu queria que ele continuasse com a mão fraca, além disso, não tinha total certeza se iria para a guerra com A-8 suited.

 

O flop veio K-8-4 rainbow, bom para mim que quase sempre terei a melhor mão. Ele apostou e eu paguei.  O turn foi um 9 offsuited, ele disparou novamente. Em uma situação normal eu tenho uma decisão a tomar. Entretanto, aqui eu pensei “Estou pagando todas as streets, e se ele conseguisse algo bom?”. Eu paguei e o river é traz uma dama. Ele apostou, eu paguei. Se ele tiver uma Q-5 eu ficarei triste, mas ele acenou e disse “você venceu”, e muckou a mão. Infelizmente eu tive de mostrar minha mão para levar o pote, e ele pode ver que eu estava pagando ele de forma light. Mas o melhor, é que pouco depois ele perdeu outro pote, e seu instinto maníaco se tornou em tilt.

 

O ponto sobre a mão não é meu jogo ou minha experiência em ter um jogador mega agressivo na mesa, mas sim, a falta de pensamento do vilão. Devemos lembrar que ele sabia que eu estava de olho nele, ele até comentou que eu estava tentando pegá-lo. Era claro que eu estava ciente da imagem dele: Ele sabia que estava aumentando 80% das mãos, disparando várias vezes nas três streets e levando uma tonelada de fichas. Ele sabia que tinha mudado de assento para ter ele em posição, e mesmo assim disparou cegamente.

 

 

Porém, eu mesmo errei ao pagar o flop e o turn muito rápido, possivelmente avisando que ele estava batido. Ele estava focado em apenas um pensamento: Disparar, disparar, disparar e não iria recuar por nada. Se ele tivesse parado e pensado, ele poderia ter salvo algumas fichas.

 

Nick Wealthall

Níveis de Pensamento

Além de dominar a leitura básica de mãos, onde você reúne essas informações em uma estimativa do que seu oponente tem, um bom jogador de poker deve pensar em diferentes níveis, que foram definidos por David Sklansky e Ed Miller no livro No-Limit Hold’em: Teoria e Prática.

 

 

Nível 0: Não sei nada

 

Não há muito o que falar sobre os jogadores neste nível. São aqueles que estão jogando suas primeiras mãos no poker, não tem a mínima noção do que estão fazendo.

 

Nível 1: O que eu tenho?

 

É aqui que se encontram a maioria dos jogadores iniciantes, que acabaram de aprender as regras do jogo. Tudo o que eles pensam é na força de suas mãos, e não há nenhuma preocupação em pensar sobre a mão de seus oponentes.

 

Nível 2: O que meu oponente tem?

 

A maior parte dos jogadores encontra-se neste nível, incluindo alguns jogadores vencedores. Aqui estão aqueles que já tem alguma experiência no jogo, mas ainda não chegaram nos níveis mais altos. Eles já sabem deduzir o range de seus oponentes, mas ainda não sabem como utilizar esse conhecimento para jogar corretamente.

 

Nível 3: O que meu oponente acha que eu tenho?

 

Podemos dizer que os níveis 2 e 3 separam jogadores perdedores de vencedores.Os vencedores em geral já levam em consideração a opinião de seus oponentes sobre eles, então estão mais atentos nas melhores situações para blefar ou fazer apostas por valor mais precisas.

 

Nível 4: O que meu oponente acha que eu acho que ele tem?

 

Aqui você pode dizer que as coisas já começaram a complicar, mas se você dominar este nível já poderá ficar tranquilo, pois a maioria dos oponentes estará em níveis abaixo do seu.

 

Nível 5: O que meu oponente acha que eu acho que ele acha que eu tenho?

 

Simples mortais como nós não precisam se preocupar com este nível, que é reservado apenas para Phil Ivey, Tom “durrrr” Dwan, Viktor “Isildur1” Blom e qualquer outro que participe dos jogos mais caros possíveis.

A princípio isso pode parecer complicado, mas há uma regra que simplifica bastante este conceito: você só precisa pensar um nível acima do seu oponente.

Afinal, não faz sentido algum jogar pensando em nível 3 quando seu oponente está apenas no nível 0 ou 1 (99% dos jogadores nos jogos mais baratos, de $0.01/$0.02 ou torneios freerolls ou com buy-ins de apenas alguns centavos.)

Identifique o nível de pensamento de seus oponentes e jogue sempre um nível acima. Fazendo isso, você já pode dizer que é um jogador vencedor!


Danilo Teller

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